quinta-feira, 1 de abril de 2010

2D x 3D? Besteira!!

É interessante analisar que o desenvolvimento de técnicas de animação mais realistas deve seu surgimento a uma outra industria, que antes paralela, agora movem-se quase em uníssono para desembocarem num mercado ainda maior. Explico: O surgimento da animação 3D, popularizada hoje por grandes estúdios com alta entrada na mídia - como a Pixar e a Dreamworks  - e por pequenos produtores independentes que despejam centenas de curtas na internet diariamente, só foi possível pelo avanço nas técnicas de aplicação de imagens explorada, numa das guerras mais ferozes que o mercado do entretenimento vivenciou no século passado, pela industria dos videogames. Por ser uma mídia em expansão acelerada - como todo mercado ligado a produção de artigos tecnológicos e gadgets em geral - a necessidade do avanço nos meios de interação imagem-observador (no caso, cliente) levou ao desenvolvimento de técnicas de animação extremamente avançadas. Para privilegiar a chamada jogabilidade, o ambiente em que a trama se passa ganhou elementos, ambientes dinâmicos, texturas, movimentos mais realistas e cores mais harmoniosas. A inserção do jogador, em um cenário cada vez mais próximo do seu, possibilitou a criação de tramas cada vez mais complexas, que demandavam outras habilidades alem da sucessão mecânica de movimentos e rapidez de raciocínio. Em outras palavras, designers e programadores desenvolveram novas possibilidades para a imaginação dos criadores e roteiristas.

Esse quadro foi de fundamental importância para o surgimento da animação 3D nos estúdios cinematográficos. Foram bem hábeis ao detectar que a animação (a anos “presa”  ao traço com lápis e tinta) precisava de um novo fôlego. Com a batalha para possibilitar este tipo de criação já travada por outros legionários, esta tecnologia foi aplicada de forma maciça na produção de desenhos animados, tanto no formato clássico, substituindo o 2D, como na industria do cinema. E com o êxito deste tipo de animação, que por muitos tempo deixou o estilo “clássico Disney” meio de lado, abriram-se as portas também das produtoras de games para flertaram com o cinematográfico; este enfoque se evidencia no quanto esta mídia passou a ser opulenta em suas criações, valorizando aspectos cênicos como figuro e cenários, passando pela trilha sonora mais elaborada e desencadeando uma elaboração mais  complexa - e muitas vezes dramática - dos enredos encarados pelos jogadores.

Sempre enxerguei este quadro como uma certa unidade. São extremamente fortes as relações entre as criações em quadrinhos, desenhos animados, games e cinema. Os 3 primeiros talvez desenvolveram-se mais  próximos, num continuum dinâmico onde o aperfeiçoamento das técnicas gera conseqüências inclusive narrativas. Mas não se relacionam de maneira a um sobrepujar o anterior. Pelo contrário, se reforçam a todo instante, ocupam espaços distintos, ocupam o mesmo e as vezes se misturam de maneira extremamente natural. Não é possível falar nos mesmos termos que anunciamos “o fim do vinil diante do MP3” sobre a relação entre 2D e 3D. Eles convivem, necessitam um do outro e não revelam o antagonismo que freqüentemente se observa na relação (cruamente tratada) como conflituosa entre analógico e digital. Se algum dia todo entretenimento gráfico será 3D (quem sabe a música também? Coisas de sinesteta...) certamente também haverá aquele “3D chulo” com animações texturizadas mas com resolução baixa, e traços quase infantis (que tem o sucesso comprovado por fenômenos com Cyanide and Happiness). Também não será aceito por todos (quantos fãs de games não conhecemos que fazer um “back to basics” e se recusam a jogar The King of Fighters em 3D?) nem devem. Melhor que tenham seu lugar. Talvez todos convergindo para o cinema, irmão bastardo mais rentável. Talvez. Um dia. Parece tudo uma questão de status.

Um comentário:

  1. Será que eu vou ficar empolgado nos posts assim também? Supergrandes os seus...não que isso seja ruim. Agora vou ler depois comento de novo.

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Expressão com bom senso